O Documentário Dossiê Jango será exibido, entre as iniciativas alusivas ao 59º aniversário de Brasília, no próximo dia 27 de abril (sábado), às 16 h, no Cine Brasília. De autoria do cineasta Paulo Henrique Fontenelle, o documentário teve sua estreia em 2012, sendo produzido pelo Canal Brasil e com argumento de Paulo Mendonça e Roberto Farias. A iniciativa é uma parceria da Secretaria de Cultura do Distrito Federal com o Instituto João Goulart por ocasião das comemorações alusivas ao Centenário do presidente João Goulart (Jango) (1º de Março).
Em clima de thriller, reabre a discussão sobre o suposto assassinato de João Goulart, trazendo novas informações sobre as circunstâncias de sua morte na Argentina. Oficialmente, o ex-presidente morreu de infarto durante seu exílio político, questões enfocadas até os dias de hoje pela mídia nacional e internacional.
A obra de Fontenelle capta depoimentos de várias personalidades tais como o filho e a viúva de Jango, amigos, jornalistas, historiadores, políticos. A trama é toda costurada como um filme de suspense e, como diz Fontenelle, “investigamos a história a fundo. Queremos reabrir essa discussão”. Os fatos presentes no início do documentário trazem os recortes históricos que antecederam ao Golpe de 64, que podem ser trabalhados como fonte de pesquisa e análise histórica.
Os temas a serem refletidos são de natureza variada, desde a eleição presidencial de Juscelino Kubitscheck tendo João Goulart como vice, a visão de um Brasil como “um país do futuro”, o cinema, o avanço tecnológico, a Bossa Nova, a Copa do Mundo, a renúncia de Jânio Quadros e tantos outros. Desde o seu exílio no Uruguai até a sua morte, existem vários argumentos e temas que podem formar uma análise crítica dos sujeitos históricos presentes no contexto apresentado pela obra.
O documentário pode ser analisado em dois momentos; na primeira metade, a mais didática, uma análise histórica, a partir de imagens e depoimentos que evidenciam fatos relevantes sobre a aliança entre civis e militares para a produção do golpe, assim como a participação dos EUA na desestabilização do governo. Na segunda parte, cabe um trabalho de origem crítica e investigativa, partindo do momento político vivido no Brasil e na América Latina.
O “Dossiê Jango” surge como uma fonte de informação,abre prerrogativas para um excelente debate, oferecendo interpretações diversificadas e instigantes sobre um período obscuro da História do Brasil, permitindo uma melhor compreensão do contexto nele envolvido, bem como, o complexo jogo político em vigor na década de 1960, que não resultou só no golpe militar, mas também no modo como a ditadura agiu nos primeiros anos de governo e nas incertezas e lacunas que ainda estão por preencher.
É um filme mais atual do que nunca diante do debate sobre a natureza do que aconteceu após a deposição de Jango e dos anos de chumbo que estenderam por mais de 20 anos. Debate, aliás, que tem ocupado a atenção, hoje, de segmentos políticos e midiáticos de nosso país.