Artigo publicado pelos pesquisadores do Departamento de Biologia Celular da UnB, Marcelo Hermes Lima e Élida G. Campos, em parceria com o professor da UnB Ceilândia, Alexis Welker, e o mestrando Daniel Moreira, na revista canadense Comparative Biochemistry and Physiology Part A,explica, em nível celular, como o organismo dos animais consegue aumentar os níveis de antioxidantes para controlar os radicais livres.
Segundo o Dr. Marcelo Hermes, antigamente os radicais livres eram considerados vilões, mas isso mudou. “Tínhamos que nos livrar deles. Hoje estamos interessados em avaliar como os animais lidam com os radicais livres. Observamos que para conviver com os radicais livres, eles produzem antioxidantes naturais”, esclarece o pesquisador.
O professor, que estuda há mais de 20 anos o metabolismo dos animais, descreve que tudo pode se traduzir no fenômeno genérico da hibernação. De acordo com ele, durante o estudo, observaram-se as alterações metabólicas dos animais quando estes estavam em ambientes sem ou com pouco oxigênio, ou seja, como eles reagem com a flutuação de oxigênio, desde a lula gigante do Golfo do México que sai de 400 metros de profundidade (onde há muito pouco oxigênio) e vai para a superfície, até os animais que têm que sobreviver em ambientes que sofrem muitas mudanças, como lagos na Amazônia que ficam sem oxigênio à noite “Quando a célula está com pouco oxigênio, ela passa a produzir muito radical livre. É aí que vem o grande insight. Esses radicais livres formados na hipóxia, que é a condição de baixo oxigênio, vão ativar os genes do sistema antioxidante. A solução é simples. Os radicais livres ativam o que chamamos de “fatores de transcrição”, que são pequenas proteínas que vão ativar os genes a sintetizarem os RNAs, produzindo os antioxidantes”, explica Marcelo.
O pesquisador acrescenta, ainda: “hoje,sabemos que os radicais livres são importantes. Quase todos os processos normais do metabolismo requerem radicais livres. Eles são necessários e fazem parte da nossa fisiologia. Podem ser vilões sim, mas eles também são mocinhos”.
Após a publicação do artigo, o autor da explicação da nova teoria, Marcelo Hermes, recebeu diversos e-mails de pesquisadores estrangeiros afirmando que o estudo vai causar um grande impacto na literatura da Biologia, isso porque conseguiu solucionar um problema que ficou sem explicação por cerca de 20 anos.
Fonte: ADUnB